3 de ago. de 2010

É ferro na boneca, baby!

Descabeladas vão as bonecas para fora da sala quente e vazia
Elas vazam pelas ruas imundas e perfumam-se com o cheiro do lixo
Coletam tudo em seus carrinhos de telas e rodinhas tortas
Lindas bonecas descalças, que furam o asfalto de tanto arrastar-lhe a borracha de seus chinelos-de-dedo-arrebentados

- Como dançam seus pés! 

No compasso da valsa da solidão, elas vão acompanhadas de cachorros e pulgas amigas
E pulam as pulgas E pula seu estômago
E rolam os cachorros [que divertem-se enroscando seu sexo em plena avenida]
E as bonecas desabrocham a flor antes do tempo, nas queridas esquinas
E ouvem as buzinas
E somam
Somam
Somam o ferro [e os filhos]



(Fealdade)


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