28 de out. de 2009

Outros atabaques...



O atabaque é um instrumento de percussão, muito utilizado em rodas de capoeiras e em centros de candomblé. É considerado sagrado e já está inserido na música brasileira pela influência africana. Inserção que se afirmou no disco Afro-Sambas (1966), concebido por Vinícius de Moraes e Baden Powel. O álbum trouxe na raiz negra a voz brasileira que não tinha espaço na MPB.


Depois desse disco ninguém (ou quase ninguém) tinha conseguido traduzir a sonoridade africana com mãos brasileiras. Mas, o couro esticado do atabaque afinou-se com a miscigenação brasileira, pois foi só com um compositor – de sobrenome que mais parece italiano – que atualmente encontrou a sua melhor sonoridade. Kiko Dinucci e o Bando Afromacarrônico mostram o seu primeiro trabalho com o lançamento do Pastiche Nagô (2008).
Guardando as proporções conceituais, que o Afro-Samba e Pastiche Nagô exigem, temos no último a volta de bongôs, afoxés, agogôs e do atabaque. O CD traz nas letras toda a reconstituição de dialetos e expressões de diferentes regiões da África (Rainha das Cabeças), um trabalho que foi reconhecido pela crítica como um dos grandes lançamentos do ano de 2008.


O disco com dez faixas faz uma reconstituição das rodas de jongo em Roda de Sampa, onde se vê a influência paulista de Adoniram Barbosa. O mesmo acontece na música um Samba Manco, que relata com humor as desventuras de um bamba para continuar sambando mesmo com o pé machucado. Nessa faixa é interessante observar (ouvir!) a marcação no contra-tempo do surdo, pois como o samba sugere, busca um andamento manco. E vale também destacar a faixa instrumental Mosquitinho de Velório.


O Bando Afromacarrônico é formado por Rafael y Castro (bateria), Julio Cesar (percussão), Railídia (voz), Dulce Monteiro (voz) e Douglas Germano (voz e cavaco), além do multi-artista Kiko Dinucci, que na banda assume voz e violão. Ele divide o tempo musical também com as artes plástica, com a dramaturgia, e com a sua última produção: o documentário poético Dança das Cabaças – Exu no Brasil, onde a influência das religiões negras se dá por completo ao analisar o orixá Exu.



Confira o som pelo MySpace:
http://www.myspace.com/afromacarronico


“laroiê”
Guilherme Cruz



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19 de out. de 2009

Más recuerdos, chicos!

Em fase de monografia, estamos didáticos. Entonces, aí vai uma breve explicação sobre as fotos:

1. Subsolo em uma casa de artesãos, localizada no centro de Buenos Aires, que serve como ateliê, estúdio, oficina e sala de treinos circenses.

2. Cúpula do Congresso Argentino (inspirado na arquitetura do norte-americano).

3. Uma das galerias do Caminito exibe bonecos em cera de músicos da santíssima trindade do tango: o bandoneonista Aníbal Troilo (em primeiro plano), pianista Osvaldo Pugliese (encondido ali atrás) e o cantor Carlos Gardel (que ficou pra outra foto).

4. Os restaurantes do Caminito atraem clientes oferecendo shows de tango aos passantes.





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Fotos por Fernanda da Costa


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16 de out. de 2009

Visita surreal*



Imagem chupada do blog da Cor da Felicidade em: 

Quem sabe um dia
Uma loucura boa
Chegue cedo...
Batendo à sua porta pela manhã
Com sombrinha e chapéu vermelho

Veio apenas lhe fazer visita
Dizer que está sã
e aguarda notícias
Daquela velha tia solitária
que tomou emprestado um vestido
Lembra o cheiro doce de comida
e da naftalina que evapora no armário

Agora vá. Vá dormir que já é tarde
Papai Noel já logo vem
Vem voando no espaço
Ultrapassa bruxa e Rapunzel
Vem te trazendo um sonho
uma sombrinha e um chapéu...


*Ainda das "tentativas poéticas",
rabiscada em algum canto entre 2006 e 2007.
Por Amanda SchArr



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12 de out. de 2009

Recuerdos, olhares sobre a capital portenha


Este blog começou a ser gerado um bom tempo atrás, em meio a andanças destes três insólitos que vos falam por terras platinas. Os bons ares respirados no calor de janeiro deixaram ideias, lembranças, saudades... e registros.

Aqui seguem algumas fotos, capturadas pelo olhar sensível e colorido da Fefa. Aos poucos colocaremos mais.

Estas foram tiradas nos bairros La Boca (El Caminito) e Recoleta, em Bs As.





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Fotos por Fernanda da Costa


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10 de out. de 2009

Isto não é um diálogo




Ilustração de Aristides H. Ares


PERSONAGEM Asterisco (*):
Vocês sabe me dizer o que é arte?

PERSONAGEM Sustenido (#):
O questionamento sobre o que é arte é estritamente contemporâneo. O motivo pode ser justificado por duas vias argumentativas: uma, porque a arte estava muito bem delimitada, e outra, porque a sociedade não parou para fazer este questionamento.

PERSONAGEM Diapasão (v):
Ficamos com a primeira, dado que desde Platão e Aristóteles a filosofia discute a arte...

Asterisco (*):
Então, acontece que a arte não está mais delimitada? É isso? E desde quando?

Diapasão (v):
Desde o século XX. E quem quiser saber mais que pergunte ao Hegel...

Asterisco (*):
Eu não! Você olhou a foto do link? Cara de poucos amigos...

Sustenido (#) mostrando leve irritação no rosto devido a uma veia azul latejante logo abaixo do olho esquerdo:
Acontece que O MODERNISMO mudou a história e o conceito de arte. Duchamp mijou pela última vez no urinol, levou-o ao museu e disse que é arte. E é arte, porque a arte é conceitual. Não é o cachimbo, entende, é a IDÉIA do cachimbo, o conceito, meus caros!

(*):
Não seria o contexto?

(v):
Contexto? Ah, quem falou em contexto é o Nelson...

(*) interrompe a fala do (v):
Rodrigues?

(#) rindo muito. Nota-se que a veia antes latente acalma-se em compasso lento até cessar:
Esse disse que elas gostam de apanhar! Vai ver foi o Gonçalves...

(*) sério
Esse previu a volta do boêmio!

(v):
Goodman porra! Foi o Goodman que falou de contexto. Aliás essa pergunta pra ele é uma babaquice, entende? - “O que é arte”? Goodman a reformula e nos coloca em outro patamar. Para ele deveríamos é estar nos perguntando “Quando há arte?”.

Asterisco (*):
E quando há arte?

Diapasão (v):
Depende do contexto.

Sustenido (#) se dirige ao Asterisco (*) e pergunta:
A volta do Boêmio pra ti é arte?

Asterisco (*) responde desconfiado:
É... E Elas gostam de apanhar é arte pra ti?

(#):
Com certeza!

(v):
Viu, e quem disse isso foi o Danto.

(*):
Disse o quê?

(v):
Que para um objeto ser qualificado como arte, ele deverá ser interpretado.

(*) feliz:
Então, se a pergunta “o que é arte” não tem resposta, vou de Goodman e vou reformulá-la. Para vocês, quando há arte?

(#) irritado e com a veia voltando a latejar:
Com certeza não é quando fazem um texto em forma de diálogo e dizem que é uma reportagem sobre arte!

(v):
Se o que importa é a idéia de reportagem, a forma é o conteúdo e o conteúdo é a forma.

PERSONAGEM Sustenido (#) sofre uma parada cardíaca e é levado ao hospital. Na sala de espera o PERSONAGEM Asterisco(*) escuta “E os outros que se danem” no seu MP3 enquanto o PERSONAGEM Diapasão (v) lê “Estética Doméstica”.


Por Fernanda da Costa e Guilherme Cruz



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8 de out. de 2009

Pecúlio *



Ficaram em casa apenas os velhos
Com o silêncio e a angústia
Os passos lentos,
Arrastando os chinelos.

Virava páginas amareladas
Olhava retratos dos netos
Recordou as tardes ensolaradas
Os farelos espalhados pelo sofá de brocado
E os livros no chão,
O parágrafo que havia marcado...
Agora era tarde
Já tinha calado.

O tempo se acumulava nas frestas
Nas superfícies rugosas,
nas teias do pensamento
A vida não é mais perigosa,
Não cheira, não arde
É apenas um sentimento
Inconstante e suave.
É só uma brisa
A virar a folha num fim de tarde.


* Das antigas "tentativas poéticas", escrita em algum lugar entre 2005 e 2007.
Por Amanda SchArr


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4 de out. de 2009

Nota de abertura


São três, embora solitos
São 3 insólitos seres por um triz

Em passos profundos desbravam o pago
Passam o pampa ao largo
Das simulações

Ela prosa, quer tese
Ele quer dias tranqüilos
It não sabe o que quer...

Cada qual, per supuesto,
sem nós se vai
Desatar as querelas
Desarmar aquelas
Dúvidas,
Dádivas,
delírios


A primeira faz foto
O segundo faz fita
Mas it não sabe se vai ou se fica

E permanecem os laços
em nós
(sem pingo d’água)
Transbordam cor, som e silêncio
Enquanto tramam mirabolâncias tremendas
Contra a tirania
Do dia, da vida
De si mesmos.



Por A. SchArr 
...e perder e reencontrar

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3 de out. de 2009

O COMEÇO DO FIM









.

Esse é o fim!
Para alguns pode parecer o início, mas é o fim.
Meu amigo, encare isso como o fim - por favor.

A inversão que aqui acontece passa pela criação, e por conseqüência, a viabilização disso (disso = blog).
Numa dessas insônias invernais que o mês me impõe estava na rotina de buscar coisas diferentes, fuçar nas entranhas da internet, verificar novos blogs inteligentes, algo que pudesse me confortar, alimentar a minha alma, e que me desse sono.
Na viagem que me propus bati na porta de um blog que fechava a sua porta, o autor começava com “Não vou mais escrever aqui”. E assim ele relatou suas vontades, aspirações, conquistas que tal blog tinha lhe dado....E o ponto final estava dado.

Nunca quis montar um blog, ultimamente é um aparato que qualquer um monta e sai mandando bala. Algo que nunca chamou a minha atenção, até porque não tenho tanta bala assim pra “desperdiçar”.
Acho que também a liberdade demasiada encontrada na internet me assusta, e me deixa sem ação em alguns casos. É difícil se adaptar em algo que tu pode fingir, mentir, contestar, sem meter a cara! E por aí tá cheio de não-adaptáveis. Adaptação que começa a partir da decisão de escrever por algo que tu foca nos comentários de amigos, e de alguns caras com insônia.

Alguns seres (humanos,talvez) querem escrever algo sério e surpreendente e parecem escolherem o blog como papel-teste. Lugar onde tu pode escrever merda a vontade, sem se arrepender. (tá, tá...se arrepende sim.)
Vou ter que aprender a levar algo sério primeiramente, antes de encarar esse novo espaço.

O início tem que ser esperançoso, incrível, sagaz...ou isso tudo para chamar atenção do leitor e assim segurá-lo para todo o sempre.

Aqui o início tem feições tristes e de desesperança, tentando se encontrar com algo natural e mais tocante no virtual. Expor sentimentos para alguém, além das paredes do meu apartamento e assim conseguir uma resposta.

Esse é o fim.
Como aquele blog eu sei o início e o fim dessa desventura. Anotações de muitas coisas, dizendo tudo de quase nada, e fortificando o lixo digital.
E sempre com um pretexto melhor para escrever, ler, editar, modificar, deletar.
Assim inicio, pelo fim.
Pela idéia de ser mais de um, pela vontade de montar algo e não se apegar aumentando o índice de blogs abandonados, e criticando o eufemismo lúcido.

Assim seja.
Comecei pelo ponto final, e termino com ponto e vírgula para dar espaço para o que há de vir

;



Por Guilherme Cruz


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