4 de jun. de 2010

Ciclo Doméstico

Cruzamento aberto, sujeira no canto
Dobrar o lençol, ouvido doendo
Passo a passo.

Janela aberta, brisa fugaz
Lápis e papel, sinal fechado
A vista consola

Prender, parar no tempo
Condena o fazer depois
Desmente o cair da noite
Querer ficar a sós.

Açúcar aberto, outro pano úmido
Limpando o ralo, trancando a porta
Atrás de outra voz.

Retirar o lixo, panela de arroz
Apaga-se o fogo, guardanapo na boca
Desliga a semana.

A água, o cloro e o cheio
Condena o fazer de nós
Desmente o cair do dia
Contar o segundo após.
( ... ) 
A sós, após de nós. 


(guilherme cruz)


Vida/Tempo de Viviane Mosé no projeto multimídia CEP 20.000


Share/Bookmark

3 comentários:

Fani disse...

"Apaga-se o fogo, guardanapo na boca. Desliga a semana" .
Gui, que texto sutil. O milagre da simplicidade da vida.
Tu! Autêntico em arte! Nessa arte de poetizar ;*

Unknown disse...

La vida es más compleja de lo que parece...

Cafeína Desatinada disse...

Muito bom, Guillermo!