12 de jan. de 2010

Prato Feito*



Eles seguem a horda
Caminhantes alheios ao seu destino
Se atiram às pedras e ao pó
(e comem pó)
Com fome e vontade

Eles riem de olhos fechados
(E a boca cheia de terra)
E engolem os males da terra
Com uma determinada tranqüilidade.

Com as entranhas acostumadas
Digerem a fatalidade
Que toda esta lama lhes cai bem.
Eles sequer regurgitam
O excesso de tudo que não alimenta
Mas lhes mantém.
O prato diário
comprova com aroma requentado
O velho cardápio
De passado (bem passado).

No fim de um dia
Relaxa o esqueleto em banho-maria
Amanhã recomeça o caminho circular
a pedra
o pó
e cozinhar
(em fogo brando)
Até que transborde a lama
e as tripas se revirem em agonia
Então sorrirão de novo com os olhos fechados
Mas agora a boca vazia.


*Tentativas Poéticas / 2006
Por Amanda SchArr


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1 comentários:

Adriana Gehlen disse...

bem passado MESMO.

adorei