18 de mar. de 2010

Orgânica



Os ossos a sós não fazem barulho
Não rangem
Estalam
mudos dores reumáticas

Enquanto articulo idéias
Medulam palavras
Calcifica o tempo estanque
a poesia
Verte dos poros
Fluidos do tempo

Está a fibra reduzida a pó
E somente os pelos
Pressentem do fluxo
A força cinzenta que desfalece

Fio-a-fio a perene harmonia
(hormônica?)
Impede-me de ser apenas matéria
E transcende
prescinde da massa
do plasma
da morte a que o sangue impele.


Por Amanda SchArr


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13 de mar. de 2010

Ressaca


E o que eu faço
Nessas noites de frio e cansaço
Preciso de amigos honestos
Quero beijos e pernas
E também abraços

Quero todos os passos
e pegadas da noite
com as sombras, as sobras
os goles de ontem


Por Pagouche (Uma Ilustre)


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4 de mar. de 2010

CONTINA E SERPENFETE

...fazendo a marcha...





O Festival de Músicas para o Carnaval não vive só do samba, é em outro gênero carnavalesco que o festival ganha o seu diferencial e seu tom de preservação artística. São com marchas de salão, marchas rancho, e uma relação frevística em alguns casos, que a competição mantém um critério musical que abrange esse gênero esquecido. Mas é na movimentação carioca de revitalização dos blocos de carnaval, e por conseqüência das marchinhas clássicas, e através da competição que ocorre em São Borja que a marcha não entra em desuso – ainda bem!


E aqui vai um exemplo que demonstra a produção de marchinhas, exemplo de trabalho autoral que vale pelo o seu ineditismo. As duas músicas a seguir falam da alegoria que é o carnaval, suas conseqüências e suas paixões. É na “Marcha para um grande amor”, uma marcha rancho do Grupo Pixinguinha e em “Estandarte dos Sonhos”, um samba do Grupo Musiviola, ouvimos os gritos dos blocos nas ruas, o toque do amor de carnaval, a ação do delírio e o cheiro de lança-perfume (quando isso ainda era dolente e não proibido).

E assim acaba o carnaval:


Marcha para um grande amor
(Paulo Caetano e Eraldo Mazarém - 1984)

És estandarte.
Bandeira sou também
Ao te encontrar
Não vejo mais ninguém.

Um grande amor
Não pode terminar.
Por isso vem
Fazer o meu carnaval

Bate tuas sandálias empoeiradas
Firmes no chão
Pois o meu surdo bate
Em compasso igual ao de teu coração

Vem amor, vem amor
Volte amor, pra mim
Antes que o sol renasça
E nossa madrugada chega ao fim.







Estandarte dos Sonhos
(Nívea Mendes – 1978)
Musiviola

Venho de um mundo perdido
De um sonho desfeito
Trago nos olhos molhados
Pedaços de aurora

Em cada lágrima canto
A alegria perdida
Em cada riso sufoco
A tristeza que chora

Sou um pedaço de vida
Buscando na noite
Restos que a felicidade
Esqueceu de guardar

Sei que com muito se vive
Mas que com pouco se passa
E é tudo quanto eu preciso
Pra vida levar

Abram alas na avenida
Eu também quero passar
Sou Estandarte dos Sonhos
Com a ilusão também quero brincar


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1 de mar. de 2010

Seria um filme B



As nuvens de glacê de bolo
Por-do-sol lá longe...
e nós com cara de tolos
“On the road”, meu bem
A vida não é um filme
Mas uma trilha sonora até que nos cai bem

Por Pagouche (Uma Ilustre)


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