Um dedo amassado
na porta da camionete Ford 77
Pinga vermelho pelas escadas
Subida doída
Tardo domingo nos pingos
Indica dor
a ponta do dedo aberta
Janela desperta
enquanto os meninos vizinhos
na sacada, brincam de cabra-cega
Pendentes fatos e fotos
Afasta a dor lembrando
um quase amor comunista
Meia quadra adiante,
tijolos à vista.
Taças, trilhas e tiras
Latente pulsa a pele
moída ao redor da unha
Lenço encarnado
tapando a ferida.
Anular aperta uma tecla.
Cerra a janela
Escreve com baixa luz
Os devaneios devassos da autora
contidos no ralo espaço.
Procurar o foco,
beber do quadro
Retratar a intimidade alheia
com pouca tinta
Enquanto o dedo pinta
tenta uma ponte
Entre a ficção e a vida
Por Amanda SchArr

2 comentários:
latente, latente
que bonito, bem assim.
Dina Gehlen, eu disse que tinha rendido uns rabiscos... hehe
Gracias, gracias!
Postar um comentário