16 de fev. de 2010

CONTINA E SERPENFETE

Acompanhando a ressaca da finaleira do carnaval, assim como o confete sendo varrido pela limpeza, os Insólitos também querem pintar o nariz e ser feliz!

Todo mundo tem uma história de carnaval para contar, alguma experiência que remonta algum fevereiro e a folia. E é impossível lembrar do carnaval e não pensar em música, e foi através da música que comecei a compreender o carnaval e sua poesia.
Foi na fronteira-oeste do Estado, no quintal da minha casa ou na casa de amigos da família que ouvia maestros ensaiando instrumentos de sopros, poetas rabiscando as melhores palavras e instrumentistas esticando o couro para a batucada.

Há quarenta e três anos São Borja realiza o Festival Regional de Músicas para o Carnaval Apparício Silva Rillo, uma tradição que contradiz o Tradicionalismo e a sua instituição criada que abafou outras expressões culturais no Rio Grande do Sul.
Na beira do rio Uruguai são escolhidos as melhores músicas nas categorias Samba e Marcha, gêneros musicais que o festival manteve apesar da onda do pagode e pela “extinção” da marcha de carnaval.

Abro uma série nesse insólito blog trazendo um pouco da produção significativa vinda da fronteira com confete, poesia e boa música. Privilegiando, como de praxe nesse espaço virtual, a palavra e a diversidade.

O samba como legítimo ritmo brasileiro sempre teve em suas letras uma inspiração no cotidiano, característica que se formou através das mãos de Noel Rosa e Ismael Silva. E é desse cotidiano que vem a inspiração para o samba “Dia-a-dia” de Clemar Dias e Júlio Cruz que foi defendido pelo Grupo Pixinguinha em 1983, e se tornou uma das grandes músicas do festival.
Leia e escute!


Realização
(Clemar Dias e Julio Cruz )

Sempre foi seu maior sonho
Sofri pra realizar
Com salário de operário
Comprei todo esse vestuário
Pus você pra desfilar

Ela é mulher bonita
Transformada em esplendor.
Esse pobre diarista
Disfarçado de sambista
A espera do seu amor.

Sorria, meu amor
É seu momento
Existe um mundo novo a lhe esperar.
Pois saiba
Que ao pisar na passarela
Seu sonho de Cinderela
Irá se concretizar

Na passarela, meu amor, sorria
Que o seu sonho lindo
Virou poesia.


Grupo Pixinguinha-Realização  by  reticencias


Por Guilherme Cruz

Share/Bookmark

1 comentários:

Adriana Gehlen disse...

ai, se o carnaval continuasse assim poético em todos os lugares...

belo belo